02-06-2007 01:19

Entrevista com a Professora Lídia Xavier

“Nós ainda conseguimos chegar a eles”

A APERG foi recebida pela professora na sua sala especial. Alertou aos Pais para que se aceite o convívio com os alunos com necessidades educativas especiais e certificou: “Queremos construir aqui uma Escola para Todos.”

 

Quantas crianças têm na Escola que necessitam de uma educação especial?

Nós estamos com apoio directo a 10 (dez) alunos do 1º ciclo e mais 3 (três) no pré-escolar, sendo que no próximo ano teremos alguns meninos que eventualmente necessitarão de ser enquadrados no Regime Educativo Especial.

É importante a presença dos Encarregados de Educação na Escola?

Eu já tive experiências muito positivas de encarregados de educação na escola. Aliás a integração dessas crianças quase que dependiam um bocadinho da presença dos encarregados de educação, nesses casos mães. Eram casos tão graves e tão pesados que as mães precisavam ser chamadas constantemente. Hoje, aqui na Escola, nos meninos que nós temos, não tem muita justificação a presença dos encarregados de educação. Nós resolvemos os assuntos de âmbito curricular e a nível da saúde também conseguimos dar resposta, quando tal não acontece chamamos as mães, digo as mães pois são sempre as mais sobrecarregadas. Normalmente as mães conseguem dar a volta, mesmo que trabalhem, conseguem cá vir. Há casos tão graves, não aqui, que optam mesmo por não trabalhar. Deixaram de trabalhar porque tinham que estar disponíveis o tempo suficiente para... Depois põe-se o problema do fim do dia porque muitas crianças não têm justificação para estar todo o dia aqui. Precisam de terapias variadas, precisam mesmo de sair, para as piscinas, para os cavalos e muitas outras actividades. Isso a escola não tem. Não há meios. Não há técnicos. Não há recursos. Os que não estão aqui, são por opção das famílias, que os levam eventualmente para o ATL das irmãzinhas. A Escola vai dando resposta aos casos que vão aparecendo. Ficam cá quase todos.

Na Escola tem algum caso de aluno nesse regime em que seja o Pai o encarregado de educação. Ou há pouca ligação do Pai com essas situações?

Sim. Tenho uma criança que vive com o Pai e portanto tem de vir o Pai. Não há outra solução. Tinha de aparecer alguém...

E os problemas das barreiras arquitectónicas dentro da Escola?

Esta escola não tem. Esta escola é privilegiada nesse sentido. Foi construída, penso eu, não conheço o projecto da Escola, numa perspectiva de dar resposta sobretudo a deficiência motora. Pois se verificarmos, a Escola tem rampas e temos casa de banho para deficientes. Portanto, é uma Escola com uma tipologia já virada para receber crianças especiais. Uma coisa é o espaço físico outra coisa são as pessoas. O corpo docente, incluindo a coordenadora e as auxiliares educativas são pessoas viradas para receber essas crianças. Quer dizer, são pessoas sensíveis, preocupadas. Essas crianças têm que ter uma vigilância acrescidas, já se sabe...

E quanto a mobilidade no exterior para o acesso à Escola...

Não há problemas. Realmente só temos ali as escadas, já falei com o Presidente da Junta, e acho um absurdo. Quer dizer, temos as pessoas que vem do autocarro na Possidónio ou deslocam-se pelas escadinhas e vão para Campo de Ourique. Não se justifica. Foi uma má aposta. Mas um carro chega aqui com facilidade. Encosta quase na porta da Escola e depois sobe-se a rampa, portanto daquelas escolas que conheço ainda é das melhores.

Durante as refeições como acompanham essas crianças?

É assim. Eu não tenho necessidade... Já se pôs esta questão. O Professor do ensino especial pode usar o seu horário para ir também ao refeitório ajudar, porque há crianças que tem problemas. Destes meninos que aqui agora estão, concretamente, só na pré-escolar é que se coloca essa questão. Por isso a nossa Educadora Paula acompanha e usa parte do seu horário também com essas crianças. A mim não se pôs esta questão, mas a todo o momento se pode pôr. Depende das crianças que aqui tivermos.

 

Perfil

Professora Lídia Xavier, é assim como a conhecem. É natural de Lisboa, Alfacinha da gema. Este ano fez cinco anos na escola. Começou a trabalhar em 1983 e tem 24 anos de profissão. Pós-graduada no ensino especial na área do domínio motor e do domínio cognitivo, que se chama E1. Mas consegue dar respostas em outras áreas. “Aqui na Escola, por exemplo, dá-se resposta a um menino com défice visual e a outro com défice auditivo. Nós ainda conseguimos chegar a eles.”

 

Depoimento recolhido por Pedro Santos Costa e Luis Justo Máximo – Jornal Nº01 - Junho 2007

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